Feliz Natal!!

É Natal em Lisboa, capital de um país quase que inteiro católico.
Ok, e daí?
Daí que se não tiver um carro ou uma casa cheia de gente pra filar uma ceia você tá ferrado.

Tentamos ignorar a data festiva e saímos pra andar logo as 9 da madrugada. Resultado: Ruas desertas, sem uma alma pra pedir informação ou trocar uma idéia.

Voltamos pro Hotel, pegamos o possante e fomos dar uma volta de um dia inteiro em Sintra, Cascais e Estoril.

Foi ótimo, rodamos bastante e descobrimos casas lindas.

Nem a chuva atrapalhou, mas também as ruas continuavam vazias e o comércio fechado.

Tudo bem, acho que foi até melhor.

O primeiro lugar foi o Palácio da Pena, um castelo rosa e amarelo no topo da montanha.

"Construído por Don Fernando II no final do século 19 em torno de um monastério em ruínas, mistura vários estilos. O exterior é cheio de gárgulas e ostenta um pórtico impressionante, sustentado por um Tristão de pedra. Uma porta levadiça permite a entrada ao castelo e aos vastos jardins – um lugar perfeito para caminhar e fazer piquenique, especialmente à beira do lago dos cisnes. Palácio da Pena - Estrada da Pena (21 910 5340). Aberto inverno 3ª a dom., 10h-17h30 (última entrada às 17h). Verão 3ª a dom., 1h-19h (última entrada às 18h30). Entrada palácio €4; €2 6-17 anos; €1,60 maior de 65; grátis menor de 5. Estacionamento €3,50. Palácio e estacionamento €7; €5 com desconto. Grátis dom. até 13h. Não aceita cartão." (by time out)

Certo, estava fechado, confesso, mas deu pra se ter uma idéia da beleza do lugar. Pra chegar o GPS apontava altas curvas na subida da serra arborizada, que por si só vale a visita.

Depois outra passada no Castelo dos Mouros e voltamos ao nível do mar.

Em seguida, uma visita à ponta mais ocidental do continente europeu, o Cabo da Roca. O vento forte e as falésias que aparam o revolto mar merecem a atenção. Me lembrou até das aulas do Prof. Dair do saudoso "Colégio Meninópolis", ao nos obrigar a estudar poesias, havia escolhido "Deus", de Casemiro de Abreu:

"Eu me lembro! eu me lembro! - Era pequeno

E brincava na praia; o mar bramia

E erguendo o dorso altivo, sacudia

A branca escuma para o céu sereno

E eu disse a minha mãe nesse momento:

"Que dura orquestra! Que furor insano!

"Que pode haver maior que o oceano,

"Ou que seja mais forte do que o vento?!"

Minha mãe a sorrir olhou p'r'os céus

E respondeu: - Um Ser que nós não vemos

"É maior do que o mar que nós tememos,

"Mais forte que o tufão! Meu filho, é - Deus!"

Dezembro - 1858

Profundo...

Chega de filosofar e vamos jogar.

A abertura do cassino de Estoril é às 15hs. Debaixo de chuva estacionamos o carro nos fundos, cuja área é livre, não precisa pagar parquímetro.

Entrada também pelos fundos, mas não menos glamorosa.

Opa, mas sou brasileiro, tenho que complicar.

Logo de cara um funcionário zé mané, daqueles que ficam abrindo a porta, me disse que da próxima vez não poderia entrar de calça de agasalho (deduzi, porque o nome que eles dão a essa peça é impossível de se lembrar).

Mas era 3 horas da tarde, ora pois!!! Enfim, dei um sorriso amarelo e ataquei os caça-níqueis.

Lugar legal, cheio de velhos viciados e turistas alegres... Uma jogadinha básica de 1 hora e saímos de lá com os mesmos 50 euros no bolso... Ahahah, pra tirar dinheiro da gente no jogo precisa muito. Se ainda fosse uma disputa de paintball ou kart.

Um tour nas ruas de Cascais e no Autódromo de Estoril (só até o portão principal, também fechado, claro) e estávamos pronto pro regresso à cidade fantasma.

Ocorre que no caminho tem uma pastelaria famosa, já mencionada em outros posts.

É isso aí, mais uma porção de pastéis de nata, de Belém, o original, pra viagem. A noite foi de vinho, pastel e queijo da serra da estrela guardado do lado de fora da janela (não temos freezer).

Que beleza, pra quem ia ficar no quarto o dia todo vendo reportagens do Natal português na TV, sob a fria chuva, até que nos saímos bem. De belezas naturais a castelos medievais, passando pelo vício hipnotizante de uma maquininha colorida e barulhenta. O Pai Natal lusitano ficou orgulhoso.

Feliz Natal.